quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Amellie e Amor, meu mundo.

Dia azul no meu mundo.

Alegria, cores flutuando. Tudo passando em slow motion.
Calma. Sorrisos abertos e dentes brilhantes. Uma luz amarela ao fundo. Não, não era o Sol. Estou no meu mundo... aqui eu que mando em tudo. Faço e desfaço o que eu quero na hora que quero. Crio e deletos cores e criaturas. É mágico.

Ela caminhava com delicadeza pelo campo. A luz amarela batia e refletia nos seus cabelos dourados. Seu vestido rosa pastel já desbotado combinava com o seu tom claro de pele.
Seu nome era Amellie.
A calma acabou. O vento bateu, ela gemeu com medo, deitou-se no meio do nada. Seu cabelo estava camuflado no campo dourado.
Onde você está? - Disse ela com os olhos fechados e lábios cerrados.
Desnorteada e perdida. Levou a mão direita sobre o coração tentando arrancar do peito a agonia que a abatia.

Silêncio. Agonia.

Amellie sentou-se em um desparo e olhou para o horizonte.
Ele vinha correndo em sua direção. Não via a hora de poder encontrá-la.

Ah - Ela suspirou.
Sentiu o seu perfume no ar. Não podia suspeitar de que era outra pessoa além do seu Amor.
Já não sentia mais o peito apertar. Se sentia leve como uma pena.
Seus olhos apaixonados continuavam fitando o horizonte e cada passo de seu Amor. Quanto mais ele se aproximava mais feliz Amellie ficava. A luz amarela continuava batendo, seus cabelos brilhavam. Suas bochechas coravam e seu peito explodia de ansiedade e amor.

Amellie! - Gritou o seu amado - Estou aqui! Disse que não a deixaria!
Ele se aproximou e se atirou ao chão, junto dela. Olhava nos seus olhos mas ela continuava a olhar o horizonte. Estava paralizada, sem reação.
Amellie, meu amor, estou aqui! Fale comigo - Dizia o seu Amor esperando uma reação. Amellie era capaz de ouvir as batidas do seu coração de tão acelerado que ele estava. - Ah Amellie...

Silêncio.

Amellie tirou os seus olhos do horizonte e passou a olhar nos olhos do seu Amor. Sentimentos e sensações que nunca havia sentido antes ela passou a sentir.
Amellie e seu Amor sentados no campo dourado que refletia a luz amarela. Ah, dia azul.

Meu amor... - disse ela - achei que não te encontraria. Estou tão feliz!
Amellie se curvou para olhar melhor o seu Amor. Acariciava o seu rosto com a ponta dos dedos. Supirava e sorria aquele sorriso bobo de quem está sentindo as cores passando pelo seu peito.

Não diga bobagem, eu a prometi que faria de tudo pra te encontrar. Ainda acha que depois de tudo o que passamos eu teria a ousadia de mentir uma vez se quer para você? Não quero que tenha dúvida. Aqui estou, eu sou seu Amellie. - os olhos do Amor cintilavam ao notar a felicidade de Amellie ao te tocar e tê-lo em seus braços.
Amellie continuava o acariciando calmamente. Fechou os olhos e encostou sua desta na dele. Suspiraram e passaram o nariz um no outro. Ficaram ali por alguns momentos se sentindo.

Eu te amo Amellie, você é a minha vida. -Sussurrou o amor com os olhos fechados e a testa apoiada em Amellie.
Sentindo a sua suavidade e intensidade, se aproximou. Os labios macios se encontraram e eles se beijaram com todo o amor do mundo.

Dois em um.

Com a sua voz inigualável Ele sussurou com emoção. E Ela sentia seu peito arder de tanto amor.

Prometa que se o pior acontecer comigo você vai continuar a ser você. Prometa que não vai desistir dos seus sonhos e nem deixar a sua vida por mim. Eu preciso que você me prometa isso, e eu sempre estarei por perto. Mais do que você imagina. Por favor, prometa! Eu te amo muito. - Ele disse.

Aquele silêncio expressou melhor o que mil palavras bem ditas e colocadas não conseguiriam transmitir. Amor. Apenas um suspiro, e uma promessa forçada e triste.

Ela tinha certeza de que sua vida não seria a mesma se o pior acontecesse. Eles eram um só e não conseguiam mais se imaginarem separados.
A promessa feita machucou. Ela não conseguiria sem Ele.
Os dois só conseguiam sentir o amor e a necessidade de tê-lo apesar de qualquer dificuldade. Afinal, acreditavam que o amor vence tudo.

Silêncios e suspiros.

Ah, eu te amo! - Ela disse. E Ele se calou e sentiu o amor que aquecia sua alma.
Amor, eles sentiam amor. E sei que continuarão se impressionando e se apaixonando a cada dia mais.

Sempre estarei aqui. Cuidando de você como posso

Um novo rosto vem atormentar.

Um novo rosto vem atormentar. Ele veio para tirar tudo do lugar.

Bobagem. Sussura Amellie para si.
Andando pelas ruas vazias de sua cidade pôde perceber que estava sozinha. Ainda caminhando começou a ouvir alguns passos, pareciam estar a seguindo. A cidade vazia e o dia de inverno que ia se pondo deixou um cenário de pânico no ar.
Amelie olhou para trás mas um vento gelado a desencorajou, então olhou para os seus sapatos e em seguida fechou os olhos. Os abriu e olhou para o nada, tentando encontrar o causador dos passos que ouvira. Respirou e perguntou com uma voz enfraquecida que só alguém a um passo ouviria: - Ei, tem alguém ai?
De repente, para a sua surpresa, um homem alto e com rosto angelical que o mantinha abaixado, suspirou liberando um ar gelado de seus pulmões a um passo de distância de Amellie, e disse com doçura na voz: - Eu estou aqui...
Amellie levou um susto e caiu para trás. Só olhava para o Anjo que estava diante de si.
Amellie tentava olhar em seus olhos, mas nada a assustada era capaz de ver. Não havia brilho, nem cor. Era branco como uma pedra de mármore fria e empoeirada.
O Anjo estava vestido com um terno branco com o acabamento de cetim. Tinha a pele muito branca. Sapatos brancos de couro e seu cabelo era quase branco de tão loiro. Apenas seus lábios finos tinham cor. Eram rosas da cor de um morango. Sua boca era um convite para beijá-lo.
Então ele disse, em um baixo tom de voz olhando nos olhos de Amelie, ou não : - Ah, desculpe se a assustei. Não era a minha intenção.
Em seguida estendeu a mão e se curvou para ajudá-la a levantar.
Amellie estava sem reação com a beleza estonteante do rapaz que aparecera do nada, depois de alguns segundos estendeu a mão em direção do Anjo e ele a levantou, deixando seu corpo colado no de Amellie. Ficaram ali por alguns momentos e Amellie conseguiu sentir o seu hálito, e o seu perfume. Eram os melhores que já pudera ter sentido. Ficou confusa, não foi capaz de compreender como alguém tão belo aparecera do nada em sua frente.
Amellie olhou para o lado tentando se livrar do contato entre os corpos. Acidentalmente esbarrou seu nariz no pescoço do Anjo e sentiu sua pele gelada. O Anjo então, deu um passo para trás e continuou na mesma distância inicial de um passo. No momento em que ela esbarrara seu nariz em seu pescoço, ele se sentiu arrepiar. Se sentiu vivo por um momento, sentiu aquilo que só sentia quando estava com a sua, já, falecida amada.
Fechou os olhos e franziu a testa. Estava tentando não esboçar nenhuma reação. Abriu os olhos e Amellie os notou com uma outra cor, agora eram cor de mel.

continua... ou não.

Amellie e Amor

O tempo frio deixa os dedos gelados, nariz vermelho e a boca seca. Apertam as mãos e colam os corpos. Amellie desliza a língua molhada pelos lábios secos tentando nutri-los de alguma beleza, e quando olha pouco acima encontra o olhar penetrante Dele, fitando-a com carinho. Como consegue? É o que ela sempre pergunta. Tantas sensações que me faz sentir. Desde ódio a desejo. Não entendo.
Ah, quentinho... - Sussurra Amellie perto do ouvido Dele, soltando fumaça pela boca. Aconchega seu rosto no peito dele e o abraça para senti-lo junto dela. Seus braços a abraçam pela cintura e a deixa mais perto ainda. Nem um passo a mais de distância, estavam juntos agora. Finalmente, juntos.
Olhos fechados, nada na cabeça. Nenhum pensamento louco pra me atormentar. - É o que ela pensa.
As borboletas estão congeladas devido ao frio.
Amellie sente as mãos macias de seu Amor deslizarem pelo seu cabelo, os dedos penetrando os fios e acariciando a sua nuca. Amellie se arrepia e roça seu nariz gelado no pescoço de seu Amado.
Sonhei contigo essa noite. - Ele diz.
Eu nunca mais sonhei. Mas conte-me, o que sonhou?
Hm, sonhei com a gente... fazia tempo que não sonhava. Mas não preciso mais, já tenho você comigo. - Ele disse.
Amellie levanta seu rosto e encara seu amado com mistério no olhar. Se encaram por um bom tempo... nenhum dos dois diz nada. Seu amado se aproxima, encosta seu nariz no de Amellie, fecha os olhos e suspira. Amellie leva sua mão direita até seu cabelo, e o acaricia. Depois sussurra em seu ouvido, roçando os lábios macios : - Sempre soube, os lábios não dizem nada.
Ele a olha e rouba um selinho.
Ah Amellie, tu és tão encantadora...
Sorrisos e olhares.

Olhos limitados.

Então Boris, o coelho de olhos amarelos e pelo branquinho disse: - Sendo assim, você se torna uma masoquista. Que amor é esse que a faz sofrer, mas que não consegue deixar? Isso a faz bem?
Amellie sentiu um punhal ferindo o seu coração e o dilacerando em mil partes. O ar acabou, sua pele branca passou a ficar palida. O Coelho conseguiu tocar a ferida da doce Amellie, e percebeu que a moça já não tinha mais expressão... quanto mais uma resposta.
Bom, sendo assim passo a considerá-la uma garota fraca e ingênua, muito ingênua. Seria uma experiência e tanto se eu pudesse a levar para o meu País, mas lá só é bem-vindo quem age pela razão. O que não é o seu caso. - Disse Boris.
O silêncio absoluto deixava a situação tensa. Amellie passou a mão em seus cabelos enquanto erguia a cabeça para poder olhar Boris, e respondeu: - Talvez eu não morra sozinha, talvez eu não seja amada como quero ser... talvez eu morra amanhã. Talvez um anjo caido esbarre meu destino e assim, nos casamos. Talvez, talvez! Ah Boris, estou cansada. Não aguento mais minha vida de poréns. Mas não sou forte o suficiente pra deixar o meu amor, não sou. Não sei se isso terá um fim. Meus olhos são limitados e meus sentidos também. Impossível saber o que acontece do lado de lá.
Boris suspira e responde: - Ora ora Amellie... seja forte, deixe acontecer. Sei que os seus sonhos estão virando pesadelos e que as noites bem dormidas se tornaram um desastre, pois agora, mal consegue dormir. Mas acalme-se querida, um dia nós todos ficaremos bem. - Boris deu alguns saltos e esgrefou sua orelha macia na perna de Amellie.

Sopa de legumes.

Vou furar meus olhos para não ver o que acontece! - Gritou Amellie, saltanto para perto da mesa e pegando a faca ponteaguda que Boris usava para cortar legumes.
Incrível como você me impressiona Amellie. - Respondeu Boris, com uma pitada de desprezo.
Eu falo sério! Não estou brincando! - Gritou Amellie, enfurecida.
Então corte-os e fique cega. Não verá nada, porém, as coisas continuarão como estão. E você... pobre Amellie, sem a vista. Acha isso mais fácil, querida? - Disse Boris, que continuava em seu lugar.
Amellie não respondeu e continuou com a faca em suas mãos.
Então Boris disse: - Ultimamente é o que todos estão fazendo, cortado os olhos e jogando fora. Só vêem o que querem enxergar. Mas não enxergam o que é preciso ser visto. Preguiçosos, bando de preguiçosos. Os desprezo. Não vai se tornar uma que eu desprezo, vai querida?
Boris saltitou até o lago e olhou seu reflexo penetrando a água esverdeada.
Está bem Boris! Mais uma vez você ganhou... não vou furar meus olhos. - Respondeu Amellie, vencida.
Olha só, não é que você sabe pensar. Para uma humana está se saindo bem. - Boris respondeu em tom ironico e riu consigo. - Agora Amellie, por favor, traga minha sopa. Não quero que esfrie.

domingo, 16 de agosto de 2009

Ilustração ''Esqueça, só esqueça''

Me esqueci de postar a ilustração da história anterior. enfim, é essa aí acima.

Esqueça, só esqueça.

E você, aí parado em sua pose. Estagnado, intacto. Nada te atinge não é mesmo?! Queria eu ser assim, como você. Mas que culpa tenho de ser quem sou. Fraco ou não, vou tentando e aprendendo. Mas você, tenha a certeza de que nunca sentirá o que eu senti. Mas me diz. Sente falta do que nunca teve? Ainda pensa em mim antes de dormir? Continua me desejando até em seus sonhos... ou tudo acabou? Ah, já sei. Fui útil enquanto precisou, agora que está tudo ''certo'' não precisa mais de mim.
Pois bem, saboreie a culpa futura e contente-se com lençóis já usados por outros amores. Nunca me terá de volta, esse foi o fim. Faça bom uso de seus olhos de botão e finja que nunca me conheceu, percebi que a indiferença faz parte da sua essência.
Danada essa indiferença, sempre me machuca tanto. E em todo esse tempo, quando reclamei que estava chateada foi porque me tratou com indiferença, assim como na última vez.
Mas aprendi contigo, e farei como tal, serei indiferente.
Passar bem. Ou como disse: ''flw''.

Foi o que Amellie estava escrevendo sem piscar em seu diário secreto que ninguém tinha conhecimento sobre sua existência.
Boris estava atravessando a ponte do lago e a viu sentava sobre uma árvore não tão alta, em forma de T. Ela era assim pois ventava muito naquele local, o que mudou sua estrutura.
Amellie continuava escrevendo e escrevendo, e Boris continuou olhandando de longe. Ficou curioso e decidiu ir até a garota. Chegou de mansinho e em um gesto de submissão disse: - Saudações doce Amellie, posso ver o que escreve de tão interessante? Percebi que não piscou nenhuma vez desde que a vi ao atravessar a ponte.
Amellie não ergueu a cabeça, só levantou os olhos para que pudesse olhá-lo. O vento intenso da região não cessava por um instante e davam vida aos cabelos de Amellie que também não paravam.
Então Amellie disse: - Não é nada importante nem impressionante, querido Boris. Creio que não exista nenhum motivo para ver bobagens... existem coisas mais importantes como colher frutas na floresta azul, conversar com os peixes e passear. Hoje está um dia lindo para tudo isso, não acha?
Boris concentiu e riu, dizendo: - Nunca perde o tato, não é mesmo? Está certa, hoje o dia está perfeito para tudo isso. Mas não posso deixar de acentuar que minha curiosidade é grande e eu adoraria saber o que está fazendo.
Amellie suspirou contrariada. - Se adivinhar, ganha um doce.
Boris levou sua pata esquerda até os bigodes e os alisou, franziu o cenho e respondeu em um timbre manso, quase sussurrando: - sobre o seu Amor.

Amellie estava triste e Boris era capaz de sentir. Sendo assim, era capaz de ajudá-la também.

Amellie tentou esconder sua face olhando para baixo, e disse: - Sim, agora te devo um doce. O que vai querer?
Boris se aproximou e pegou em sua mão: - Ah, vamos comigo. Prometo que vai se divertir. Eu estava fazendo uma torta, vamos até minha casa. Venha.
Amellie desceu, colocou seu chapéu que era de seu pai, arrumou o vestido e colocou o casaco vermelho de lã. E disse pronta: - Vamos querido Boris, faça-me rir.

Boris andou com Amellie até sua casa, chegando, Boris abriu a porta. Era de madeira verde, estava bem velha, e sua maçaneta era dourada e brilhava muito. Ficava no meio da porta.
Amellie entrou. Passando pela área de entrada havia uma pequena biblioteca onde Boris costumava passar a maior parte do tempo. Principalmente quando faz frio, quando ele toma sopa de legumes e lê seus livros preferidos. Então, Amellie comentou: - Acho sua casinha uma doçura, esses livros tem cheiro de ''quero mais''. E é tudo tão interessante... - Amellie parou diante de uma prateleira enorme de livros e pegou um deles, o mais velho de todos. Haviam alguns vestigios de capa, parecia ser azul ciano. Boris olhou para trás por cima dos óculos meia lua e deu um leve tapinha na não de Amellie, dizendo: - Não seja tão curiosa querida, pode se arrepender. Venha, sente-se a mesa.
Boris puxou a cadeira para Amellie e fez com que ela se sentasse. Foi até o outro lado da cozinha e colocou um caldeirão de ferro grande em cima da mesa. Despejou todas as sobras de comida que haviam pelos cantos e deixou fervendo. Foi até o jardim e pegou uma única florzinha amarela, que brilhava. E jogou dentro do caldeirão também. Quando a bela flor tocou toda a mistura uma nuvem rosa de brilho pairou sobre o caldeirão, deixando o rosto de Boris sujo.
O que foi isso?! - Indagou Amellie.
Foi algo mágico, querida. Prove! - Disse Boris, oferecendo-lhe a coisa que acabava de ter feito em uma tigela de ferro.
Amellie pegou a colher e por instantes encarou o que Boris lhe oferecia. E antes de deixar Amellie comer, Boris disse: - Querida, você está cega com seu ódio e passou a não compreender o que real, chega de se machucar. Agora, coma!
Amellie tomou coragem e comeu a primeira colherada. Enquanto degustava, encarava a tigela. Não era nada bonito, mas tinha um charme único e seu cheiro era irresistível. Amellie comeu o caldeirão inteiro e até hoje não se lembra o que tinha escrevido sobre o seu Amor. Acredita-se que Boris a enfeitiçou para que ela não sofresse tanto. Mas nada é certo no mundo de Amellie.